sexta-feira

O amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo, não de cultivo alheio ou de presença.
 Nada exige nem pede. 
Nada espera, mas do destino vão nega a sentença. 
 O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza. 
Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza.
 Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante,
 a antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante.
 Mais ardente, mas pobre de esperança.
 Mais triste? Não.
 Ele venceu a dor, 
e resplandece no seu canto obscuro, tanto mais velho quanto mais amor.
 (Carlos Drummond de Andrade)

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